O patrimônio da Priples, acusada de ser uma pirâmide financeira, é bem maior que os R$ 72 milhões já bloqueados pela Justiça. A Polícia Civil prendeu no último sábado o proprietário da empresa, Henrique Maciel Carmo Lima, 26 anos, e sua esposa e sócia Mirele Pacheco de Freitas, 22, e tenta ampliar o bloqueio dos bens da Priples e do casal, para garantir ao menos parte do ressarcimento dos 209 mil investidores do negócio. Para a devolução efetiva é preciso que o Ministério Público ou Procon entre com uma ação judicial ou ainda que os prejudicados façam pedidos individuais ou coletivos na Justiça.
Só por comparação, outra suspeita de pirâmide, a BBom, tem 100 mil investidores e nela foram bloqueados R$ 300 milhões em contas bancárias, além de carros de luxo – Ferrari, Lamborghini e Mercedes. A Priples tem o dobro de pessoas e teve apreendidos os R$ 72 milhões, duas Range Hover, um Camaro e um quadriciclo.
“Solicitamos à Justiça a quebra do sigilo bancário da Priples. Mas já sabemos que o patrimônio deles é bem maior que R$ 72 milhões. Nossa preocupação é cessar a prática do crime e prevenir a transferência de bens ou propriedades para que haja ressarcimento na esfera cível. Até porque se dividirmos o valor já bloqueado pelos investidores, o valor é irrisório”, afirma o delegado do Ipsep, Carlos Couto, à frente do caso.
O dinheiro bloqueado na Priples até agora só garantiria o pagamento de R$ 354 por investidor. “Queremos levantar e individualizar o patrimônio em imóveis, por exemplo”, diz Couto.
A polícia vai detalhar na manhã de hoje as investigações. A Priples garantia um retorno de 60% ao mês para quem aplicasse de R$ 100 a R$ 10 mil na empresa. O investidor só precisava postar cinco perguntas ou respostas por dia no site da empresa sobre qualquer assunto e a pergunta e resposta sequer precisavam ter relação: para “qual a cor do céu?” a resposta poderia ser “jacaré”. Quem atraísse outras pessoas para a Priples tinha lucros turbinados.
Segundo a Polícia, 95% do dinheiro da empresa vinha das adesões, caracterizando uma pirâmide, crime contra a economia popular, um esquema que funciona da seguinte forma: uma pessoa atrai dez pessoas, por exemplo, cada uma precisa atrair mais dez e assim sucessivamente, até ser preciso tanta gente que o esquema quebra e os lucros param, deixando muito mais gente no prejuízo do que todo mundo que já lucrou.
A Priples nega ser uma pirâmide e se diz uma empresa de publicidade digital. Mas também é investigada pelo Ministério Público Federal e o MP do Rio Grande do Norte pela mesma suspeita. Por precaução, cada investidor deve manter comprovantes de pagamentos à Priples, para provar a relação com a empresa e o valor aplicado.
“Quem se sentir prejudicado pode pedir ressarcimento ou indenização. As ações podem ser individuais ou coletivas e até o MP pode ajuizar as ações”, explica Luiz Andrey, diretor da Polícia Civil na Capital e na Região Metropolitana.