Devido a uma falha no veículo lançador, o satélite Cbers-3, desenvolvido pelo Brasil e a China, não foi posicionado na órbita prevista. Avaliações preliminares da equipe de engenheiros chineses indicam que o equipamento retornou ao planeta. Integrado ao foguete Longa Marcha 4B, o Cbers-3 foi lançado do Centro de Lançamentos de Satélites de Taiyuan, província chinesa de Shanxi (China), às 11h26 no horário local (1h26 no horário de Brasília), desta segunda-feira (9).
De acordo com nota divulgada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, os engenheiros chineses avaliam as causas do problema e o possível ponto de queda. Os dados obtidos até agora mostram que os subsistemas do satélite funcionaram normalmente durante a tentativa de colocá-lo em órbita. "Para assegurar o cumprimento dos objetivos do programa Cbers-3, Brasil e China concordaram em iniciar imediatamente discussões técnicas visando à antecipação da montagem e lançamento do Cbers-4", informa o comunicado. A nota ressalta também que, apesar de não ter cumprido o objetivo nesta missão, "Brasil e China alcançaram resultados frutíferos nos últimos 25 anos de cooperação na área espacial e estão confiantes na continuidade desse êxito".
O Cbers-3 seria o quarto satélite de sensoriamento remoto produzido pelos dois países, por meio do Programa Sino-Brasileiro de Satélites de Recursos Terrestres (Cbers, na sigla em inglês), a entrar em órbita. O objetivo era mapear e registrar os territórios e atividades agrícolas, desmatamento, mudanças na vegetação e expansão urbana. A previsão era que ele viajasse durante apenas 12 minutos até atingir 780 quilômetros de altitude, quando iniciaria a etapa de estabilização e de entrada em órbita. Após ser posicionado, o satélite passaria por uma fase de checagem dos equipamentos e da qualidade das imagens, que seriam disponibilizadas ao público três meses depois.
Construído pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e pela Academia Chinesa de Tecnologia Espacial, o Cbers-3 retomaria a transmissão de imagens enviadas anteriormente pelo Cbers-2B, que deixou de funcionar em 2010. Antes, o Cbers-1 e o Cbers-2 tinham sido enviados por Brasil e China em 1999 e 2003, respectivamente. O investimento brasileiro na construção do Cbers-3 chegou a R$ 300 milhões. Para o coordenador do Segmento de Aplicações do Programa Cbers, José Carlos Neves Epiphânio, os efeitos da disponibilização das imagens a pesquisadores, instituições de ensino e cidadãos comuns conseguem superar o valor gasto.